Portugueses são os que mais sofrem com a subida dos juros do BCE

Portugal tem maior agravamento da dívida hipotecária face a outros países do euro, desde que o BCE começou a subir juros, diz FMI.
16 jan 2024 min de leitura

A maioria das famílias que está a pagar crédito habitação em Portugal está a sentir as prestações da casa a subir à boleia da Euribor, uma vez que mais de 80% do stock total foi contratado a taxa variável. E, agora, um estudo do Fundo Monetário Internacional (FMI) revelou que são mesmo os portugueses que estão a pagar mais juros nos empréstimos habitação do que qualquer outro país da Zona Euro (em proporção), na sequência das subidas das taxas de juro diretoras pelo Banco Central Europeu (BCE).

Foi a partir de julho de 2022 que o BCE liderado por Christine Lagarde começou a subir as taxas de juro diretoras para travar a inflação na Zona Euro. De lá para cá, a taxa de refinanciamento bancário aumentou para 4,5% - valor que está fixado desde setembro. Esta decisão provocou um rápido aumento das taxas Euribor ao longo deste período, gerando uma subida a pique das prestações da casa das famílias europeias com créditos habitação a taxa variável (ou mista em período variável) - muito embora a Euribor esteja a dar sinais de descida depois de o BCE ter decidido manter os juros inalterados desde outubro.

Estas subidas dos juros do BCE ao longo do último ano e meio agravaram, portanto, a fatura anual dos juros das famílias por todo o espaço europeu. Mas o relatório do FMI, publicado na semana passada, revela que este agravamento no serviço da dívida hipotecária dos particulares evoluiu de forma desigual entre os vários países, tendo especial impacto nas famílias portuguesas. Em concreto, desde julho de 2022 até agora, o agravamento no serviço da dívida hipotecária das famílias portuguesas equivale a cerca de 1,3% do Produto Interno Bruto (PIB) – o maior valor entre os 18 países da área euro analisados. O segundo país que mais sofre com a subida dos juros do BCE é a Finlândia, seguida da Estónia, mostram os dados.

Já as famílias que parecem estar a ser menos sobrecarregadas com a subida dos juros do BCE vivem em Malta, França e Alemanha, onde o agravamento dos custos dos empréstimos habitação é próximo de 0% do PIB, indica ainda o relatório do FMI.

Mas por que razão Portugal aparece tão vulnerável à mudança de política do BCE marcada pela subida dos juros desde julho de 2022 até setembro de 2023? Há várias razões que o explicam, como:

  • Maioria dos créditos a habitação em Portugal continuam a ser a taxa variável e indexada à Euribor (mais de 80% do stock total para compra de habitação própria e permanente, de acordo com o Banco de Portugal) – apesar de as taxas mistas estarem a ganhar peso nos últimos meses;
  • Elevado endividamento das famílias;
  • Bancos em Portugal têm maior capacidade do que os bancos de outros países europeus em passar para os clientes as subidas das taxas de juro por via das Euribor e atrasar a passagem destas subidas para a remuneração dos depósitos. Isto explica o facto de os juros da casa em Portugal estarem mais altos que a média da Zona Euro desde outubro.

A subida nos pagamentos anuais de juros dos créditos habitação, decorrente do aperto monetário do banco central, apresenta uma “grande variação entre as economias da área euro, com as famílias em Portugal a registar um aumento dos custos dos juros superior a 1,2% do PIB anual, com base nesta aproximação”, conclui o documento.

Fonte: idealista.pt

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